Se preferir, leia o artigo no site da Folha: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/01/sao-paulo-nao-esta-na-direcao-certa-senhor-governador.shtml
No artigo-propaganda denominado “São Paulo avança na direção certa”, publicado nesta Folha, o governador Tarcísio de Freitas apresenta uma visão fantástica de seu governo, recheada de autoelogios e desvinculada da realidade. A suposta "direção certa" esconde uma gestão marcada por retrocessos na educação, segurança e pelo uso indevido do aparelho estatal para beneficiar apadrinhados políticos.
Indague-se:
qual é o projeto do governador Tarcísio de Freitas para São Paulo?
Na
educação, Tarcísio demonstra total falta de compromisso com a rede pública.
Entre as propostas de seu plano de governo, passados dois anos, a recomposição
e o aumento da aprendizagem não se concretizaram. São Paulo, o estado mais rico
do país, viu seu desempenho educacional cair para níveis
anteriores à pandemia, enquanto a média nacional subiu. Esse retrocesso reflete escolhas
equivocadas, como o uso excessivo de plataformas digitais que desconectou
alunos e professores, e o veto ao projeto que visava contratar psicólogos e
assistentes sociais para escolas, contradizendo suas promessas de apoio à saúde emocional da
comunidade escolar.
Além
disso, o governador extinguiu programa de transferência de renda que combatia a
evasão escolar e priorizou escolas cívico-militares, uma bandeira ideológica
sem comprovação de eficácia, que agrada
sua base bolsonarista mas ignora soluções estruturais para os desafios da
educação. Não fosse o Pé-de-Meia, programa do governo Lula, os estudantes
estariam à deriva. Na contramão da melhoria da educação, Tarcísio destruiu uma
conquista histórica do estado ao aprovar uma emenda constitucional que corta
R$11 bilhões anuais da área, condenando a rede estadual a problemas crônicos,
como escolas precárias, falta de equipamentos e professores desvalorizados.
Na
segurança pública, a situação é ainda mais alarmante. Tarcísio não apenas
retrocedeu, mas institucionalizou uma política de truculência e autoritarismo. Entre janeiro e novembro de 2024, 702 pessoas foram mortas
por policiais, um aumento de 98% em relação ao mesmo período de 2022, último ano da gestão anterior. Essa
tragédia não é resultado de ações isoladas, mas de um modelo que legitima
abusos. Enquanto o crime organizado expande sua atuação, o governo mantém uma
retórica vazia de "cancelar CPF", que nada resolve, mas amplia o medo
e o distanciamento entre polícia e população.
Guilherme
Derrite, secretário de Segurança, intensificou a politização da tropa, afastando críticos e promovendo aliados, ao mesmo tempo que enfraqueceu
controles essenciais, como o uso de câmeras corporais. Não fossem as correções de rumo propostas
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na obrigatoriedade de uso das câmeras
corporais e o decreto federal, assinado pelo presidente Lula, que estabelece diretrizes para a atuação
dos agentes de segurança, com foco na eficiência nas ações, valorização dos
profissionais e respeito aos direitos humanos, a segurança pública de
São Paulo continuaria sob risco.
No
republicanismo, o cenário é igualmente preocupante. Embora pregue austeridade,
Tarcísio destina milhões em "jetons" para conselhos e comitês
estaduais, beneficiando aliados políticos, incluindo seu próprio cunhado e
figuras controversas como o coronel Aleksander Toaldo Lacerda, afastado da PM
por incitar atos antidemocráticos.
O “rumo
certo” a que o governador se refere não é aquele que favorece os trabalhadores,
seus filhos e filhas, ou a população das periferias. É um rumo que beneficia o
“ambiente de negócios” e entrega patrimônio público a interesses privados, como
ocorreu na privatização da Sabesp, O governador parece mais preocupado em
atender interesses privados do que em oferecer segurança, educação e qualidade
de vida à população.
Não é
este o rumo que São Paulo precisa. É necessário um governo que priorize o povo,
que invista em políticas públicas para todos e que enfrente desigualdades com
coragem e competência, senhor governador. Seguiremos atentos.
Paulo
Fiorilo, deputado estadual, líder da Federação PT/PCdoB/PV na Assembleia
Legislativa de São Paulo
Professora
Bebel, deputada estadual pelo PT, segunda presidenta da Apeoesp


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